Motegi 2010: Rossi demasiado agressivo?

Está a gerar alguma polémica a atitude de Lorenzo e da Yamaha ao condenar Valentino por excesso de agressividade durante a animada luta com Jorge no Gp do Japão. Lorenzo não conseguiu ganhar a terceira posição a Vale e após o fim da corrida foi falar com os responsáveis da Yamaha sobre as ultrapassagens, acusando Rossi de ter excedido os limites da agressividade. Depois os responsáveis, Jarvis e Furusawa concordaram e Furusawa foi falar com Rossi para ter mais calma quando luta com pilotos Yamaha.
A versão de Lorenzo foi:
"O espectáculo foi fantástico para quem estava a assistir, mas quando se é um piloto de MotoGP e se está em cima de uma moto a andar a 300 km/h em recta e a 180-200 km/h nas curvas e se sente outro piloto a tocar-nos não é uma sensação muito boa ou uma emoção, porque sabemos que estamos a colocar a nossa vida em risco”, disse Lorenzo. “As três ou quatro ultrapassagens que eu fiz ao Valentino senti que foram correctas e leais. As ultrapassagens que ele fez foram legais, mas no limite, do meu ponto de vista. Já vimos como ele gosta de lutar, aconteceu como o Gibernau, depois com o Stoner e agora comigo. Talvez no futuro os seus adversários fiquem um pouco zangados e passem a fazer o mesmo que ele costuma fazer!"
"Somos companheiros de equipa, eu estou a lutar pelo Campeonato dos pilotos, mas estamos os dois a lutar pelo Campeonato das Equipas e Construtores e temos de nos lembrar disso. Estou desiludido por falhar o pódio, claro, porque eu queria um aqui na casa da Yamaha, mas isto são corridas."
Valentino já veio afirmar que assim são as lutas com ele na última volta.
"Há uma diferença entre ser terceiro ou quarto numa corrida. A luta nas duas últimas voltas foi incrível. Primeiro tocamo-nos debaixo da ponte quando Lorenzo me passou e alargou um pouco. Depois noutra parte mais acima do circuito voltamo-nos a tocar mais um par de vezes. A primeira das quais, na curva sete, ele tentou passar-me, mas eu já estava dentro e fizemos toda a curva lado a lado. Logo tentou passar-me, mas eu consegui manter-me na pista e na curva seguinte, tocamo-nos, já que não havia espaço fisico para as duas motos. Foi muito bonito e o felicito. Ele disse que queria lutar comigo na última volta...estas são as lutas comigo na última volta."comentou o campeão do mundo.

Pessoalmente não vejo excesso de agressividade em nenhuma das ultrapassagens, não são ultrapassagens fáceis, mas nada de mais. Na primeira volta Lorenzo forçou a passagem a Rossi, onde viria na última volta a ser ultrapassado. Simoncelli passou Edwards de maneira quase idêntica. Nas voltas finais, Lorenzo chegou-se a Rossi e passou o Italiano, mas momentaneamente já que foi imediatamente ultrapassado por Rossi. Típico de Rossi, quando é ultrapassado responde imediatamente. Nesta altura as câmaras filmam Furusawa que espelhava um sorriso com luta que a todos animava.
A duas voltas do fim, começou o "bailinho da madeira" com os pilotos a trocarem de posições várias vezes com toques à mistura. Primeiro debaixo da ponte, onde depois de Lorenzo passar Rossi e alargar a saída, os dois deram um toque, que a meu ver foram os dois que se tocaram e não um a provocar o toque. Por este altura ninguém queria ficar em quarto. Depois voltou a haver mais uns toques, quando os pilotos fizeram uma curva à esquerda lado a lado e na próxima curva à direita, Rossi estava no lado interior da curva e como tal não cortou gás, tal como não o fez Lorenzo, mas Rossi tinha o interior e ficou na frente. Lorenzo ainda voltou a passar Rossi na última volta, mas Rossi efectuou uma ultrapassagem idêntica à que Lorenzo tinha efectuado na primeira volta. Rossi ficou com o terceiro lugar, como melhor piloto Yamaha, a ganhar ao dominador deste ano, ainda para mais na "casa" da Yamaha.

Não acho caso para Lorenzo ir falar com os responsáveis da Yamaha, se não queria arriscar, não se metesse em luta. Parece-me lidar muito mal com os maus resultados, tal como se viu na sua péssima atitude e muito pouco digna de um profissional a "bater" na sua Yamaha depois de apenas conseguir o quarto tempo na qualificação. Depois a atitude de ameaça a Rossi, não me parece igualmente correcta, mas também não é de esperar que Rossi se intimide com isso.
Claro que os responsáveis da Yamaha não querem riscos desnecessários, ainda por cima com o piloto que está prestes a sagrar-se campeão do mundo, que por sua vez vai correr com a Yamaha mais dois anos. Rossi por outro lado, está de saida para a Ducati e já não é o piloto numero um na Yamaha. Rossi já teve lutas muito idênticas com outros pilotos e nunca ouvi nenhum responsável de marca dizer-lhe que tinha sido demasiado agressivo.
Uma coisa é certa, eu e certamente todos concordam, queremos é lutas destas em todas as corridas e com vários pilotos e não passeios, sem lutas, como infelizmente tem sido constante nesta categoria.